Sobre o tema: Mulher do século XXI- independência amorosa


Era uma vez uma Maria. Ela tinha mãe, pai, quatro irmãs, três irmãos, uma casa simples no campo, muito serviço pra se fazer e uma brechinha entre seu cansaço e sua cama, para sonhar com realidade diferente da que invadia seu descanso. Seu cabelo era longo e seu vestido era de lixo.
Suas mãos eram brancas e calejadas, seu amor era platonismo.

Nasceu em 52, virou gente em 59, mulher do José em 70. Repugnou José, viveu com José, amou José e depois chorou por ele.

De presente de casamento ganhou cinco filhas, como boas vindas para as mesmas novas frustrações, e como consolo para essas, mais trabalho sofrido.

No decorrer do século XX ganhou novos filhos de suas filhas. E no século XXI sua independência financeira, amorosa e vital.

Seu grande amor da adolescência ficou na lembrança junto com a cachoeira, com o paiol de milhos que era seu esconderijo secreto e com os irmãos e pais que ganharam o céu.

Seu amor de obrigação, a deixou por uma vida fácil, rejeitou o presente de casamento que ele mesmo deu para poder compartilhar com ela.
Sua força ganhou nome de Deus.

Essa é minha mãe, a melhor referência que eu tenho sobre MULHER, independente do século e status. Ela não é executiva e nem usa óculos de sol. Seu cabelo não é sensual, mas seu sorriso é sempre lindo e nunca teve obstáculo difícil suficiente na sua vida que ela não pudesse superar, a não ser se permitir viver de verdade.



Estive pensando sobre essa independência atual e sinceramente não consegui ver nenhuma. E nem tem por que eu ver. Mulher sempre foi mais frágil, mais sensível e mais tantas outras coisas comuns de se notar num corpo feminino, mas não é questão de escolha, é questão de instintos.

Somos animais antes de tudo e com essa “humanização”, não é de se surpreender que a comparação (entre homem/mulher) aconteça. Sempre tentando se enquadrar um ao outro, é legal homem que faça a comida. É legal a mulher que trabalha pra poder comprá-la. Mesmo que os hábitos mudem, mesmo que um ou outro se destaque, ainda existe a idéia de que a mulher vai ser sempre inferior.
Digo inferior por causa das prioridades da nossa sociedade, na onde o mais forte tem o poder, na onde quem tem o poder define as forças.

Hoje a mulher consegue trabalhar, consegue muitas coisas que antes não conseguia. Mas isso não é independência, isso é urbanização. E quanto ao lado sentimental da bagaça, a dependência existe do mesmo jeito, só que fantasiada com figurino diverso.
Tem a moça que tem vários parceiros, a moça que não quer nenhum, a que dispensou pra ficar com vários, a que ta com o mesmo a vida toda, a que (como minha mãe) preferiu se dedicar aos seus “presentes de grego” e renunciou ela mesma... Mas em todos esses casos, o motivo é basicamente os mesmos: Ou satisfação afetiva, ou insatisfação .
Não vou explicar minuciosamente por que o ideal varia com a personalidade, que é mais uma vertente do pensamento e, conseqüentemente (sim eu ainda uso trema), do instinto.

O mundo ta correndo, o espaço já está conquistado, agora cabe a todo mundo cultivar o respeito, independente do seu pênis de 25 cm ou de sua prótese de num sei quantos litros de silicone.
As regras naturais não nasceram sem motivo, mas não precisamos intensificar isso refletindo em outras situações.

Escrevi a historinha da minha mãe pra mostrar isso, que a independência nem sempre é uma coisa boa, ela sofre com isso tudo, no fundo.
Não adianta se negar, negar seus instintos. Ser inferior é abdicar de quem você é pra refletir em quem você nunca será.
Mulher tem seu valor igualmente como os homens, os papeis podem ser trocados, até por que temos liberdade e possibilidade para isso, mas a beleza de ser humano, de ser animal é algo normal de se achar belo, não algo pra ser contestado quando se trata de rótulos.

Use seu salto e seus óculos escuro, ande com pose de rainha e comporte-se como uma cadelinha no cio perto daquele cara ali, com a barba cerrada e o olhar perdido.Fique com pessoa do mesmo sexo que o seu. Ame seu namorado mesmo que esteja transando com seu chefe. Grite sorrindo o tanto que você é feliz sozinha. Beba uma cerveja, acenda um cigarro e relaxa. Vocês, homens e mulheres, são lindos assim... Com seus corpos, cores, timbres, medos...
Abusem disso, mas com uma condição:
Homens, uma mulher pode sim te desafiar. Mulheres, se eles toparem uma queda de braço, fique consciente que vocês vão perder, porém a mesma mão que será "esmagada", será também a mais macia...