No final das pontas...
Beijo o cigarro com a boca frustrada, desocupada e desarmada.
Engulo a fumaça com fome, como se me oferecesse uma vitalidade diferente do oxigênio e ela brinca pra mim depois, criando nuances excepcionais, me seduzindo para mais uma dança de cheiro repugnante.
Meu pulmão grita, peço pra ele bater um papo com o cérebro, não foi ele que quis assim? O coração nem se manifesta, não tem nada a ver com isso. Acostumou com seu novo amigo.
Sem brigas, sem conflitos, meu sangue já sabe que ta tudo resolvido. Espalhe a noticia que o vicio é bem vindo... Ta dizendo o que eu não consigo e calando o que eu preciso. E mesmo que faça sua morte precoce, serviu pra alguma coisa, família não é bem isso?
Beijo meu cigarro com o lábio macio aliviando o impacto do toque. Ando de mãos dadas e ele me passa confiança. Se a ele pertencer a minha falência vital, não lamentarei. Ajudou a estender vários dias da minha vida, aliviou dores que só o peito sabia. Se agora toma o lugar dos meus defeitos, foi ao menos uma boa companhia.
6 comentários:
careleo muito bom mesmo
parabens parabens e parabens
E no final das pontas é isso mesmo...
Podecre...esse dilema moral do cigarro me mata... hehehe
vocês escrevem com uma intensidade que me excita, se pudesse pegaria as quatro de uma só vez
Ah, mais um filho da letra pra ir tomar no verbo.
Irmãs Feias gostam de presença, não de anônimos !
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