Não há.


Não observo janelas, não presto atenção nos seus detalhes e camadas. Percebo o que vem através delas. O breve espaço onde não tem dívidas e nem roupa amassada, não tem mistura para o almoço e a hora passa despreocupada.

Despreocupação em acertar a rima e a nota, nem os acordes definidos por que os decibéis pertencem a um pássaro que grita ao infinito o peso de suas asas... Ruídos. Agora são apenas ruídos...

Discretamente as cores se alternam numa dança macia que vai do rosa ao azul, menino e menina, negro para os devaneios, finalmente noite e dia.

O clima flui sem precisar ser soletrado, o princípio chega e se despede sem tomar um café, com a pressa de um coelho atrasado.

Um galho dobrado com uma folha acesa, um muro sem cadeado e um gato cantando musica de ninar para um telhado envelhecido. E o que sobra? Inúmeras dúvidas se ele tenha, de fato, adormecido.

O mundo de cá é o mesmo que o de lá. E nada mais é pro mundo de dentro da pupila como base de inspiração pra perceber os detalhes que vagueiam naquele vão entre o mundo real e o real, com intermédio da poesia que existe em olhar no portal mágico daquela janela vazia.

Sinta o silêncio, sinta...