Vinde a mim.

Abri meus olhos como segunda-feira, um pulo metaforizando responsabilidade. Traguei uma xícara, engoli a nicotina e mais uma dúzia de nostalgia amarga.

Pintei os olhos como quem escreve um poema, seqüenciando cuidados, extraindo imperfeições, moldando o exterior pra se fantasiar de alma errada.

Pés no chão gelado, confirmando realidade.

E a musica não saciou, não cessou. Por que se eu abrir os braços, só o vento me encontrará e ele não é a intensidade que eu procuro. Não é como aqueles dias em que, lendo Hermann Hesse na sombra de uma árvore, ele acariciava minha face e me deixava tranqüila. Esse vento não me toca mais, ele já partiu para o norte.

Então, jogando de um penhasco eu posso sentir o impacto real, o toque do chão em todo meu corpo, o vento que não conseguiu amenizar o peso da minha consciência sem álibi...

Eu já te contei que eu não sei gritar?

Eu sei, o Dylan já me contou. Eu sou mesmo aquela que gemia como uma mulher. Eu ainda sou aquela que se magoa como uma menina.

Eu já te contei que eu não choro sozinha?

Esse cheiro de coisa maluca eu sei que te atrai, mas deveria ver mais, sentir mais, pegar mais e não me dar ouvido quando eu digo o que deveria fazer.

Já te contei que vivo rodeado de santos que nem eu mesma sei o nome? É uma relação simples, eles existem. Eu existo. Nosso espaço é conveniente e por isso vivemos juntos. Não me comovi com a estória de nenhum. Eles não deixaram de serem santos quando ouviram minhas musicas.

Me encontre com pose de férias as 4:18, bebendo café e aguardando a tradição que, nessa noite, eu ignorarei. Fique até meu cigarro acabar e vá embora, por favor.

A Rita já me ensinou. Eu não sofro mais com despedidas.