Quarto 17


Ele fumava Hilton longo, ela Marlboro. Ele conhecia o mundo, sabia bem de seus hemisférios e no auge dos seus 30 e poucos anos, tinha muita historia pra contar.
Ela só sabia cantar sobre terras nao conhecidas, amores mal vividos e feridas curadas com muita terapia. Tinha 17, ele 34 e um carro. Ela andava de ônibus. Ele tinha uma familia, ela só tinha ele. E como todo clichê, não poderia faltar, ela dava a vida por ele, e ele não se preocupava em saber que vida era essa que se perderia.
O que ela mais gostava nele eram as mãos, pareciam firmes, mais não expressavam os anos vividos. Sempre dizia que ele tinha mãos de garoto. Depois das mãos, ela gostava das coxas dele, eram firmes e bem torneadas... Ela pensava: "Deus, poderia passar a vida no meio dela". Mais não era isso que ele queria, enquanto ela aguardava o momento mágico, o momento que ele a beijaria com uma ternura nunca vista antes, chamaria ela pra se casar em Las Vegas, compraria um fusca para os dois e rasgaria os papéis do casamento, ele no entanto pensava no que a mulher serviria no jantar. E depois de saciado sua fome, ele simplesmente se levanta, ainda nú, dá uma volta pelo quarto como se procurasse algum sentindo em se deitar com uma garota de 17 anos. Volta para cama e pega suas roupas, logo, ela sabe que não adianta tentar impedir, não adianta fazer seus dramas habituais, ela sabia que ele nao a pertencia ou ao menos ela não pertencia ao mundo que ele tanto conhecia e tão pouco usufruia.