Singular Idade
Nossa pluralidade
Em um verso...
Comum?
Una o verso:
Universo
E pelo inverso
Somos um*
Nossa pluralidade
Em um verso...
Comum?
Una o verso:
Universo
E pelo inverso
Somos um*
Trecho retirado do livro O Guia dos Mochileiros das Galáxias, de Douglas Adams, contendo o monólogo interior de dois mísseis repentinamete tranformados em uma baleia e em um vaso de petúnias.
Também não se falou mais no fato de que, contra todas as probabilidades, uma cachalote havia de repente se materializado muitos quilômetros acima da superfície de um planeta estranho.
E como não é este o ambiente natural das baleias em geral, a pobre e inocente criatura teve pouco tempo para se dar conta de sua identidade “enquanto” cachalote, pois logo em seguida teve de se dar conta de sua identidade “enquanto” cachalote morto.
Segue-se um registro completo de toda a vida mental dessa criatura, do momento em que ela passou a existir até o momento em que ela deixou de existir.
- Ah…! o que está acontecendo?, pensou o cachalote. - Ah, desculpe, mas quem sou eu? -Ei! - Por que estou aqui? Qual minha razão de ser?
- O que significa perguntar quem sou eu?
Calma, calma, vamos ver…ah! Que sensação interessante, o que é? É como… bocejar, uma cócega na minha.. minha…bem, é melhor começar a dar nome as coisa para eu poder fazer algum progresso nisto que, para fins daquilo que vou chamar de discussão, vou chamar de mundo. Então vamos dizer que esta seja a minha barriga
Bom. Ah, está ficando muito forte. E que barulhão é esse passando por aquilo que resolvi chamar de minha cabeça? Talvez um bom nome seja… vento! Será mesmo um bom nome? Que seja… talvez eu ache um nome melhor depois, quando eu descobrir para que ele serve. Deve ser uma coisa muito importante, porque tem muito disso no mundo. Epa! Que diabo é isso? É… vamos chamar essa coisa de rabo. Isso, rabo. Epa, eu posso mexê-lo bastante! Oba! Oba! Que barato! Não parece servir para muita coisa, mas um dia eu descubro pra que ele serve. Bem, será que eu já tenho uma visão coerente das coisas?
Não.
Não faz mal. Isso é tão interessante, tanta coisa pra descobrir, tanta coisa boa por vir, estou tonto de expectativa…
Ou será o vento?
Puxa, realmente tem vento demais aqui, não é?
E puxa! Que é essa coisa se aproximando de mim tão depressa? Tão depressa. Tão grande e chata e redonda, tão… tão.. Merece um nome bem forte, um nome tão… tão… chão! É isso! Eis um bom nome: chão!
Será que eu vou fazer amizade com ele?
E o resto – após um baque súbito e úmido – é silêncio.
Curiosamente, a única coisa que passou pela mente do vaso de petúnias ao cair foi: "Ah, não, outra vez!" Muitas pessoas meditaram sobre esse fato e concluíram que, se soubéssemos exatamente por que o vaso de petúnias pensou isso, saberíamos muito mais a respeito da natureza do Universo que sabemos atualmente.
Estive pensando sobre ela ter visto essa pequena saliência de crateras maiores que a vulgaridade explicita. Logo percebo que o problema não foi ela ter visto uma bunda, afinal existem bundas pra todo o lado ( televisão, outdoors, supermercado, bares, igrejas, praças, bancos, floriculturas, prefeituras, terreiro de umbanda...) nunca vi ninguém que não tivesse um pedaço de carne molenga pra amortecer o descanso ao sentar (a não ser a inspetora da escola, quem estudou comigo sabe), a aflição contida nessa história toda, foi que a coitada da minha sogra, que nem é minha sogra, viu a MINHA BUNDA.
Eu não sou do tipo brasileira padrão, começando pela intolerância a calor, cheiro de churrasco e calcinha de biquíni contornando a separação de nádegas redondinhas, que da vontade de passar a mão rezando pai nosso e estalando o mindinho do pé... Minha bunda não chama atenção, ela é algo irrelevante... Tão irrelevante que... NÃO, EU NÃO ANOTEI A PLACA DO CARRO!
Eu sei que ela não ficaria surpresa com a minha cara de pau se houvesse se surpreendido primeiro com uma bunda linda, redondinha, lisinha e suculenta... Será que ela rezaria o pai nosso?
Bom, o Credo foi pronunciado com toda certeza, tenho fé quanto a isso... E entre orações e mantras, espadas e escudos, cicatrizes e neon... Sinto-me como uma minhoca gorda e suada, na onde suas extremidades... Suas extremidades... Ah, amigo... A cara aqui também é de bunda.
Ela anda como se estivesse numa passarela. Ela até que é bonitinha, mas tem aquele jeitinho de quem usa e faz o que está na moda. Ela diz que é legal. Uma pessoa muito legal, apesar de “quem olha acha que sou chata”. Ela é chata. Chata e sem graça. Ela vai a baladinhas e bares da moda. Ela rebola os joelhos e deixa a bunda dura. Ela balança os cabelos e te chama pra dançar. Ela adora dançar o “créu”, “tô co cu pegando fogo” e “é do meu pau que você gosta, é o meu pau que você quer”. Adora se insinuar para os caras mais sem graça e babacas da festa, que ficam com outras. Ela paga de bêbada, mas só toma vinho com leite condensado. Ela paga de putinha, mas aposto que não paga nem boquete. Eu não tenho nada contra ela, mas fiquei com sono. Fiquei com um puta sono do cão.
Eu queria dizer uma coisa bonita, algo que fizesse sentir a dormência de uma manhã pré-amanhecida às 23:50, que transcendesse 900 km e calçasse os pés daquele que manca na sabedoria.
Eu queria uma forma bonita de descrever o trajeto da lagrima de meretriz, ressaltar o brilho, feito verniz, no rosto ilustre de quem forja a aparência de santa.
Eu queria dizer alguma coisa muito bonita com os dentes pintados por caleidoscópios, os olhos brilhando como fantasia de escola de samba, e no cabelo, a mais cintilante fita.
Mas poesia se cansou de flores e espera a próxima, inóspita, estação.
Deitada sobre essas linhas as entorta com sua densidade.
Entre linhas a palavra permanece pura,
germina na boca,
ganha idade,
ultrapassa sinônimos velhos,
multiplica seu peso e reação.
Muda, eu reconheço o que eu procurava de belo, linda moça, veja só...
Transformou-se em palavrão.
Achei esse curta-metragem no Barco Bêbado e fiquei me perguntando: Como não postar isso no Irmã Feia?
É nossa cara: É musica, poesia, psicodelia e frustrações amorosas. Sem querer levar isso pelo lado negro da força, quero dizer que é como vivemos: Os instintos se manifestando com arte e pela arte instintiva. Saboreiem...
Somos frutos de pensamentos! Nada do que somos ou fazemos se dá espontaneamente, até por que o que 'fazemos' é sempre coerente com quem 'somos' e o que somos além de títulos que nos atribuem? Quanto aos títulos, aceitamos devido ao nosso grau de compatibilidade de força pra sustentar o mesmo rótulo. O rótulo, sendo um conceito, foi pensado antes pra ser estipulado assim ou assado. Bom ou ruim... Relatividade crônica. Dai se da as multifacetas e todo o caos interior. Existe a sua essência, mas existem as vertentes atribuídas pela essência dos outros seres que são* conforme essências anteriores, essencialmente, criadas por sua vez. O tempo é movimento e o ser* é imaginação movimentada por união de todos os movimentos imaginados. Corte as cordas que te manipulam e consentirá com a vontade do chão.
Hoje eu bebi demais... A ressaca de amanhã só é importante pra algum cientista louco.
Eu bebi, traguei um gole de cerveja amarga pensando no bom vinho ainda gelando... A minha loucura se empalideceu na alcatéia dos alucinados, dos boêmios freqüentadores de bancos vazios e gramas em que canções solidificaram um sorriso salgado.
Todas essas esferas frias me atormentam, toda essa demora digna de um cobertor ocupado me deixa como uma louca furiosa, que tem medo de perder a dignidade, que tem medo de agir com maldade e sempre acaba com o isqueiro no próprio peito.
A ausência intensificada, um telefonema frustrado, e tudo o que me resta é o frio que me sobe a boca... Desejando apenas ser coberta por outros lábios que ganharam nome de: Seus.
E minhas palavras acabam se perdendo nos olhos lacrimejados de álcool. Toda ideologia soprada por um maço de Marlboro.
Amanhã eu serei perdoada, terá parentes em minha casa e elogiarão o meu sorriso branquinho. Vai ter abraço e saudações. Vai ter cachaça e carne sangrando. Vai ter meu corpo e meu consentimento. Vai ter fundo de copo solitário.
Mas hoje eu bebi demais e tem prazer o reconhecimento por ter bebido, fumado e morrido concordando apenas em ressuscitar ao seu lado em uma dessas coleções matinais... Com as orelhas geladas e os pés aquecidos.
Contrariando Cazuza, fiz um blues em tua homenagem
O inverno é amanhã, Baby Maçã...
Eu vou rimar em você minhas ultimas bobagens
É que talvez não tenha se tornado um fruto proibido...
Teria entrado em meu quarto
Assim como aquele disco entrou no meu ouvido.
A fruta que caiu, perdeu o gosto pela intenção da mordida
Baby, Baby Maçã
Prepare seu agasalho marrom, tire as manchas que o tempo bordouBobagens ... São lembranças que pesarão no bolso de dentro do agasalho marrom
Então a musica vai tocar quando você não for tocada... Ai, ai... Você escuta...
Passe o outono descobrindo a gravidade, o verão rabiscando a areia com suas insanidades
O inverno é amanhã, eu estarei longe inventando primaveras, buscando alguma outra fruta.
Baby maçã
O mundo é de quem sabe transitar entre suas estaçõesEle é tão singular, não necessita de quem saiba amar, ele só quer influeciar...
Multiplicar as gerações...
Eu queria ser uma fotografia...
Ficar renunciada em uma única posição, deixar todos os conceitos transpassarem perante a ótica de quem vislumbra.
Uma pose qualquer, fundiria em mim todos os significados que extrai do mundo. Um cigarro no dedo, uma paisagem de concreto perdida em meus olhos. Tudo que eu diria em meus extremos, solidificados e imutáveis.
Não haveria oscilações de humor e meu sorriso não se apagaria, nem meu cigarro acabaria.
Confortavelmente, eu eternizaria sentada em um mundo pessoal. Em um mundo que funcionaria como esse: Eu sendo reflexos das opiniões alheias, conceitos pré-fabricados e uma dose do que eu não sou pra mostrar quem eu fui. A diferença é que eu permaneceria, meu cérebro estaria intacto, e não sofreria com o tédio. Cada vez que eu me mostrasse, seria ainda mais belo pela persistência de permitir o tempo bronzear o meu papel. Ele jamais passaria em branco.
A insistência bruta da imobilidade mostrando tudo que eu não sou capaz: Ser apenas uma imagem.
Quanto as minhas influências, isso já é papel pra outro papel. Talvez um de folha grossa onde eu possa desenhar com minha mão densa sem correr o risco de rasgá-la.
Cores, mais cores e nada mais que uma fotografia novamente. Na onde tudo se contrai em uma idéia fixa de imortalidade, na onde tudo se dilata nos extremos das possibilidades.