Um brinde à todos os brindes


Hoje eu bebi demais... A ressaca de amanhã só é importante pra algum cientista louco.

Eu bebi, traguei um gole de cerveja amarga pensando no bom vinho ainda gelando... A minha loucura se empalideceu na alcatéia dos alucinados, dos boêmios freqüentadores de bancos vazios e gramas em que canções solidificaram um sorriso salgado.

Todas essas esferas frias me atormentam, toda essa demora digna de um cobertor ocupado me deixa como uma louca furiosa, que tem medo de perder a dignidade, que tem medo de agir com maldade e sempre acaba com o isqueiro no próprio peito.

A ausência intensificada, um telefonema frustrado, e tudo o que me resta é o frio que me sobe a boca... Desejando apenas ser coberta por outros lábios que ganharam nome de: Seus.

E minhas palavras acabam se perdendo nos olhos lacrimejados de álcool. Toda ideologia soprada por um maço de Marlboro.

Amanhã eu serei perdoada, terá parentes em minha casa e elogiarão o meu sorriso branquinho. Vai ter abraço e saudações. Vai ter cachaça e carne sangrando. Vai ter meu corpo e meu consentimento. Vai ter fundo de copo solitário.

Mas hoje eu bebi demais e tem prazer o reconhecimento por ter bebido, fumado e morrido concordando apenas em ressuscitar ao seu lado em uma dessas coleções matinais... Com as orelhas geladas e os pés aquecidos.