Em um dia, certo que será tempo.


Certo dia, como um dia. Bem certo que seria dia. Incerto em um furo de tempo. Temporariamente certo, de certezas parciais. Imoralidade me subiu à cintura, agarrei pelo seio e a mente sobrou. Sabotou a noite que se fez o dia, na inflexibilidade da agonia de um dia desbotado... Choveu. Eram as mesmas nuvens que eu costumava descansar, que depois de muito voar, parava e tomava ar com limão e gelo. Ignorou o meu apelo. Chegou clareando com a certeza que me ofuscaria. Ofendendo as minhas pupilas, lubrificando com água do fundo do poço.

Meu sangue continua dançando em minha barriga, reflete no meu cabelo e me deixa protegida com o mesmo totalitarismo que me manteve viva. Com os olhos mais discretos, com a mente quase aflita, que toma conta da minha sintonia física e quase me permite um grito.

Em certo dia, certa que será noite. Bem certo que estará escuro. Na perfeita distopia dessas horas de todos os tempos... Minhas pupilas se dilatarão megalomaníacas, dominantes e exaustas. Imoralidade escorrerá por minhas pernas e forrará o chão, rolarei em baixo da mesma chuva. Enxergando o que só se vê no escuro. Sentindo o que só se percebe com os olhos fechados.

Who is really you?